Uma análise sobre a transgeracionalidade da violência de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social
Karoline Arcanjo Apóstolo da Silva | Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Ana Cláudia de Azevedo Peixoto | Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Luana Martins Santos | Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Nadia Maria Rocha Barbazza | Swiss Tropical and Public Health Institute
DOI:
10.55905/rdelosv18.n67-085
Resumo
A violência é um fenômeno naturalizado que atravessa todas as classes sociais e se dissemina nas relações interpessoais, frequentemente associada à relação de poder. No Brasil, a maioria dos casos de violação de direitos de crianças e adolescentes é cometida por adultos com laços de consanguinidade ou função parental. Observa-se, principalmente, a perpetuação ou naturalização dessa violência em famílias de mulheres que sofreram agressões na infância, refletindo na falta de postura protetiva em relação aos filhos. Essa dinâmica pode ser explicada pela ausência de modelos adultos saudáveis durante a infância. Este estudo teve como objetivo investigar se crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social são vítimas de violação de direitos devido à transgeracionalidade da violência, considerando o racismo estrutural como fator basilar nas relações sociais e familiares. A pesquisa utilizou a metodologia de Inserção Ecológica para o trabalho de campo, com a participação de 21 mães ou cuidadoras de crianças e adolescentes de 5 a 18 anos, inscritas em projetos da ONG HAJA, localizada na comunidade de Quatro Rodas, Duque de Caxias-RJ. A pesquisa buscou compreender como o racismo estrutura a violência transgeracional, identificar o perfil das famílias que perpetuam esse ciclo, os impactos no desenvolvimento infantil e as estratégias de intervenção aplicadas no Brasil na última década. Os resultados indicaram a presença significativa da violência transgeracional, com o racismo estrutural como um dos pilares fundamentais dessas violações.