Benedita da Silva recebe título honoris causa da Rural e celebra diversidade: “A universidade pública passou a ter a nossa cara”

Deputada federal é reconhecida por sua luta antirracista e pela defesa dos direitos das mulheres e trabalhadores

Cerimônia aconteceu no Auditório Gustavo Dutra, no campus de Seropédica.

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) concedeu, nesta segunda-feira, 26 de agosto, o título de doutora honoris causa à deputada federal Benedita da Silva, do PT, destacando sua trajetória como a primeira mulher negra a receber a mais alta honraria da instituição. A cerimônia celebrou a significativa contribuição de Benedita à política brasileira, especialmente na defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora, da soberania nacional, e, sobretudo, na incansável luta contra o racismo e pela igualdade de gênero.

Benedita, nascida na periferia do Rio de Janeiro, iniciou sua jornada política como líder comunitária, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar cargos de vereadora, deputada federal, governadora do Rio de Janeiro e senadora da República. Sua atuação no Congresso Nacional foi fundamental para conquistas antirracistas, como a instituição do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra e a inclusão de Zumbi dos Palmares no Panteão dos Heróis e Heroínas Nacionais. Além disso, Benedita teve papel decisivo na aprovação da PEC das Domésticas, que ampliou os direitos trabalhistas dessas profissionais, e na criação da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, que forneceu apoio crucial ao setor cultural durante a pandemia.

Em seu discurso, Benedita não escondeu a emoção ao receber o título da UFRRJ, uma instituição que ela classificou como “diversa, inclusiva e engajada”. A parlamentar ressaltou a importância de ver a universidade pública refletindo a diversidade da sociedade brasileira, especialmente a presença de mulheres negras, oriundas de favelas, como ela mesma.


“Ao chegar aqui na Rural, vi pessoas como eu: preta, favelada, mulher, que eu não via nos bancos escolares quando teimei em seguir estudando, sabendo que, de onde eu saí, o trabalho vinha primeiro. Como é gratificante ver que a universidade pública passou a ter a nossa cara; o seu rosto passou a ter a nossa raça, a sua cor e a sua etnia; passou a ter o nosso gênero, a sua identidade e o seu nome social; passou a ter as nossas origens, um lugar de onde você veio, um lugar de onde eu vim”, declarou Benedita.


Para o reitor Roberto Rodrigues, Benedita é um exemplo inspirador para todos os alunos da instituição, especialmente aqueles que, como ela, enfrentam desafios relacionados à pobreza, ao racismo e à exclusão social. “Benedita é uma referência para nossa universidade porque, em seu tempo, ela resistiu e construiu sua história pública. Ela representa a resistência e a resiliência que nossos estudantes precisam ter para se formar e transformar suas vidas”, afirmou Rodrigues.

Por Gabriel Reis e Weverton Carlos