A memória que fica. O legado do Mazinho na vida dos estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Por Luiz Fellipe Gustavo e Thiago Rabetine

Josimar Damazio da Silva, conhecido em Seropédica como Mazinho e dono do bar homônimo situado no Km 49 de Seropédica, morreu no último dia 07 de outubro. Mazinho era uma figura especial para os alunos da UFRRJ. Seu bar, localizado na rua do Grêmio, era o ponto em que os estudantes encontravam um espaço de convivência e integração. Para os discentes, no entanto, o lugar era mais que um simples comércio.

Dennys Viegas, aluno da Rural de Engenharia Química, recorda seu primeiro contato com o Bar do Mazinho em 2018, ao chegar em Seropédica. “Eu já conhecia o Mazinho pelo nome, mas não tinha ideia do que ele representava. Achava que ele era apenas um bar próximo à faculdade”, comenta. O estabelecimento, entretanto, simboliza para muitos o primeiro ponto de contato com a cidade e com novos colegas de curso.


“O êxodo no bar do Mazinho representa um evento de integração, capaz de fazer surgir o sentimento de ser, de fato, ruralino.


O “Êxodo Rural” era um evento que ocorria no começo dos períodos letivos e representava um verdadeiro rito de passagem para muitos alunos por marcar o início de uma nova fase de suas vidas. “Descobri que o ‘Êxodo Rural’ era um evento fomentado pelo Mazinho junto com os ruralinos. Um local onde nós, alunos, poderíamos ter o primeiro contato com a cidade, com os veteranos, com nossos colegas de curso e com diversas outras pessoas de realidades e vivências completamente diferentes das minhas”, explica Dennys.

“Um aluno de outra faculdade que não a Rural jamais poderia entender o que é chegar no domingo em Seropédica, pré-início das aulas, participar do Êxodo e encontrar todos os seus amigos reunidos, flertar, conversar e tomar a cerveja que ele fazia questão de servir extremamente gelada”, conta o estudante sobre o dono do bar.

A simpatia e hospitalidade de Mazinho fez ele se tornar uma imagem querida pelos estudantes da Rural que frequentemente se deparavam com ele nas proximidades do campus. Sua maneira de se relacionar com a comunidade marcava profundamente quem o conhecia e seu bar era um espaço de lazer em que os estudantes buscavam se distrair das responsabilidades acadêmicas.

O prazer que Mazinho tinha em estar no bar era evidente para quem o frequentava. Era um trabalho que ele fazia com felicidade e que transformava seu bar em um local de acolhimento e conexão. Ele gostava de ver as amizades surgindo, as histórias se cruzando e a diversão dos alunos. Esse senso de comunidade que ele ajudava a criar é um de seus maiores legados. “Pensar no Mazinho me remete à vivência universitária para além da sala de aula e do campus da UFRRJ, mostrando que você também pode ser aluno fora do ambiente universitário. Ele nos trazia discussões sobre diversos assuntos, mostrando que também é possível aprender numa mesa de bar”, finaliza Dennys.