Falta de acessibilidade prejudica a locomoção de pessoas com deficiência na universidade

Por Laís Veiga, Júlia de Moura e Gabriel Profeta

A acessibilidade é um direito garantido por lei no artigo n° 10.098, segundo o Ministério da Educação, desde o ano 2000. No entanto, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ainda em 2024, não possui o nível de acessibilidade necessário para atender essa demanda. Um exemplo notório é o Instituto de Zootecnia ( IZ ), que não atende os requisitos mínimos para garantir a entrada e a locomoção de todos os membros da comunidade.

A estudante de letras Milena Pontes, que é cadeirante, enfrentou dificuldades ao tentar acessar o prédio para assistir uma de suas aulas.

“Lá no IZ não tem acessibilidade nenhuma, não tem rampa. Um amigo meu e mais algumas pessoas tiveram que me ajudar a subir pela escada mesmo.” – relatou.

Após o ocorrido, sua professora conseguiu transferir a aula para outro prédio, que possui a acessibilidade adequada. No entanto, situações como essa não deveriam acontecer e destacam a necessidade urgente de adaptações que garantam igualdade de acesso para todos os alunos.

Segundo dados  do último censo demográfico de 2010, no Brasil, há 3.014.720 pessoas com deficiência em idade de cursar o ensino superior. Entretanto, os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) de 2019 revelam que apenas 50.863 dessas pessoas estão matriculadas em instituições, tanto públicas quanto privadas, no país. Esses números destacam uma discrepância alarmante: menos de 1% das pessoas com deficiência ingressaram nas universidades.

A estudante de jornalismo Maria Clara Tavares ressaltou que a falta de acessibilidade é um dos principais obstáculos que as pessoas com deficiência enfrentam, dificultando sua continuidade na vida acadêmica.


“A gente não vê muitas pessoas com deficiência dentro da universidade, dentro do mercado de trabalho. E por que isso acontece? Por que não tem ninguém interessado em trabalhar? Ninguém interessado em estudar? Não. É uma questão de que a acessibilidade é muito baixa e aí essas pessoas ficam condenadas a não poder fazer o que elas querem e não poder realizar as metas, os sonhos delas.” – Maria Clara Tavares.


Ainda assim, existem outras localidades, na UFRRJ, que são capazes de proporcionar uma mobilidade adequada para a comunidade acadêmica, como o Pavilhão de aulas teóricas ( PAT ) e o Instituto de Ciências Humanas e Sociais ( ICHS ). É importante destacar que cada grupo enfrenta desafios específicos, por isso, demandam soluções personalizadas para promover uma educação verdadeiramente inclusiva.