Representação estudantil em cheque: Opiniões sobre o DCE da UFRRJ dividem alunos, e membros respondem

Entre os estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a avaliação sobre a representatividade do Diretório Central dos Estudantes (DCE) varia. Segundo uma série de entrevistas realizada pelo repórter, dos 14 alunos entrevistados, 8 declaram que o DCE não reflete suas condutas ou são indiferentes, 5 alegam representatividade e 1 não soube responder.

Por: Gabriel N. Cosendey

Tá faltando informação”, manifestou Davi, aluno de Administração do 2º período, sobre o alcance do Diretório Central dos Estudantes. Para ele e outros quatro discentes, em geral do 1º ao 3º período, a representação máxima do corpo estudantil é desconhecida.

Equipe do Diretório Central dos Estudantes da UFRRJ – Fonte: DCE

 

Nos últimos 10 anos, o próprio DCE virou uma instituição completamente desvalorizada como um todo. Ela não se via presente. Não tinha confiabilidade”, declarou Giovanni, ex-coordenador de Pesquisa e Extensão do DCE. “Você não via o DCE presente no dia a dia dos estudantes, principalmente se for considerar as gestões de 20-21, que durou até 2023.”

Apesar disso, a situação melhorou. As postagens do Instagram do Diretório, criado em 2019, mais que dobraram de 2023 para 2024, incidindo numa maior atuação e esforço para divulgar as conquistas e movimentos desse corpo estudantil.  Ainda assim, o problema é crônico.

Antes da pandemia, os grupos eram mais pelo Facebook. Mas concordo que depois da pandemia, ficou totalmente abandonado”, reiterou Beatriz Silva, aluna de Geografia e participante de movimentos sociais desde 2018.

Movimento estudantil à favor das mulheres; Beatriz no centro e Anna Luiza no canto direito – Fonte: DCE

O movimento estudantil em geral ‘tava passando por um processo de reconstrução. As pessoas nem sabiam o que era o DCE. Pelo menos agora elas já sabem minimamente pra que ele serve. É um processo muito recente. Só depois de 3 anos que voltou a ter um DCE ativo, com movimento estudantil”, esclarece a ex-coordenadora de Assistência Estudantil do Diretório.

Por conta disso, muitos alunos afirmam não conhecer a entidade.

É o caso de uma aluna de Ciências Sociais do 8º período, que prefere não se identificar. “Olha, eu já ouvi falar sobre o DCE, mas nunca participei de nada. Vi várias participações mas passo direto“, disse a estudante.

Por outro lado, há quem reconheça os avanços e a representatividade da gestão. Foi o caso de Camille, aluna do 7º período de Biologia. “Eu acredito que ele me representa, como uma forma importante de trazer não só as lutas mas as questões da instituição como um todo“, manifestou.

Além do mais, o trabalho de divulgação é árduo, uma vez que a universidade possui cerca de 3.024 hectares, o equivalente a mais de 500 estádios do Maracanã. Por essa razão, fora os fundos para arrecadar e a grande quantidade de alunos, a comunicação no campus fica comprometida, segundo Anna Luiza, ex-coordenadora geral do DCE.

Ainda assim, o repórter, em sua apuração, ouviu com frequência as palavras “desorganização”, “não sei o que é” e “status, pra aparecer” no que se refere ao Diretório. Contudo, a visão de que os membros do Diretório estão lá por fama não é nova.

Claro que tem gente que vai fazer tudo por status, mas sinceramente? Não é a realidade”, assegura Luiza. “Você inclusive pode ganhar um ‘status’ ruim se você fizer uma gestão ruim. Então, real: não vale o estresse estar lá por isso. De verdade, não”, concluiu a gestora.